Sabe o príncipe encantado? Então, era ele.
Bonito, inteligente, engraçado, fofo, tatuado. (o príncipe encantado não é tatuado? deveria ser.) O problema é que príncipes não têm defeitos, e ser solteiro é um defeito. É, ela gostava de um cara que namorava.
Ele era impossível, então o máximo que ela podia ter era a amizade dele. Ela até podia dar em cima dele, ela nem conhecia a tal namorada. Mas mesmo que ele fosse solteiro, mesmo que ele estivesse dando em cima dela na cara dura, ela não conseguia... Tinha uma timidez estúpida no meio do caminho.
O fato era que ele era aquele amigo que não conseguia tirar a mão de cima dela. Ela até pensou se isso não era... sei la, alguma coisa. Mas tirou aquilo da cabeça: Ela não conhecia a namorada, mas o facebook mostrava uma garota linda, inteligente, engraçada, fofa e tatuada. Uma perfeita princesa.
Ela não era nada.
Porque ela ainda se deixava participar das brincadeiras dele? Ela já tinha tentado ficar longe, fingir que ele não existia, até que ela esquecesse. Mas a parte de esquecer nunca chegava, e fingir que ele não existia doía. Então ela era voluntária naquela tortura diária, aquele felicidade horrível e falsa.
No meio daquela festa, chegou uma hora que ela cansou de se enganar e foi se esconder. Não dele, mas de todo mundo. Queria poder gritar pra dentro, dar uns tapas no próprio rosto, o que fosse, até ele sair de dentro da cabeça dela. Se escondeu num canto, e ficou lutando com si mesma.
O problema é que o destino gosta de fazer a pessoa de quem você se esconde te achar. Sempre. Ele chegou no canto que antes era dela, e perguntou se ela estava bem. Ela disse que sim, mas seu rosto não mentia. Ele perguntou o que tinha acontecido, ela disse nada. Ele ficou em silêncio por alguns instantes, e perguntou se ele ia mesmo ter que fazer ela rir, e fez a especialidade dele: bagunçou o cabelo dela, as roupas dela, a vida dela. Ela se debatia, mas ele era grande demais.
Isso durou alguns minutos antes de ela conseguir segurar as mãos dele e gritar um "chega". Ele, tão ofegante quanto ela, olhou pro estrago que tinha feito e sorriu satisfeito. Ela também estava sorrindo, apesar do grito anterior. Então, ele parou de sorrir, e fez a coisa mais inesperada do mundo: beijou ela.
Ela levou alguns segundos pra perder a surpresa, mas respondeu na mesma. Tinha gosto de espera. Tinha gosto de culpa. Tinha gosto de vontade. E eles não queriam parar, porque parar ia significar problema, ia significar ter que conversar, explicar, brigar, e tudo aquilo que esses sentimentos traziam (e ainda tem gente que acha que sentir é uma coisa boa...). Mas uma hora eles tinham que parar.
Se olharam, sem saber exatamente como aquilo tinha acontecido.
Ela olhou e soube que ele estava perdido. Que ele podia querer aquilo, mas não queria querer. Que ele achava tudo aquilo errado demais. E resolveu facilitar pra ele: Ela colocou a mão no rosto dele, e depois saiu correndo, deixando o príncipe encantado pra trás.
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